Embora ladeada por vizinhos, residência desfruta de um certo isolamento em relação a eles, de modo a valorizar-se com o projeto arquitetônico que propõe interação dos espaços internos com os externos
Desenvolvida para uma família com dois filhos e muitos amigos, esta casa de campo, localizada em um condomínio residencial privado, tem em sua ampla área de estar o coração deste projeto assinado pela escritório Memola Arquitetura. A contemplação do nascer e do pôr do sol, bem como o favorecimento das vistas para a natureza circundante, são aspectos relevantes do projeto.
A arquitetura está setorizada em três blocos principais: o central, onde está a área de estar, e as duas alas de dormitórios que partem de extremidades opostas da sala para, então, alongarem-se no terreno. Um pergolado com estrutura metálica, ripas de madeira e fechamento superior de vidro circunda a área social, criando-se uma varanda que contorna integralmente o espaço, uma leitura das tradicionais casas de fazenda.
O volume mais alto, de estar, é feito com paredes duplas de tijolo maciço de demolição, enquanto que os volumes mais baixos, dos dormitórios, são revestidos com pedra. A colocação, a paginação e a seleção dos tijolos de demolição, reutilizados na obra com cores e tamanhos diversos, colabora com a aparência rústica da arquitetura. A distinção dos materiais se acomoda à paleta de referências campestres, complementada pelo uso da madeira nos pisos internos de tábua e em elementos das esquadrias, que foram desenhas sob medida para o projeto.
“A contemplação do nascer e do pôr do sol, bem como o favorecimento das vistas para a natureza circundante, são aspectos relevantes do projeto.” – Memola Arquitetura
Nos interiores, o elevado pé-direito do estar é humanizado pelo teto de vidro que conforma a água mais curta e mais inclinada do telhado. Janelas e portas estão posicionadas em pontos estratégicos tanto em termos dos fluxos dos usuários quanto dos enquadramentos da paisagem, priorizando-se a subdivisão dos vãos-luz em requadros de pequenas dimensões. O teto de vidro é revestido com película anti-reflexiva e protegido contra a insolação direta. O prolongamento da outra água da cobertura funciona como uma claraboia que revela a transformação da luz ao longo do dia e permite ver o céu noturno.
O rigoroso traçado das tubulações, todas aparentes, foi desenhado pela equipe de arquitetura. A iluminação está posicionada a meia altura, com eletrocalhas sustentadas por extensores fixados na cobertura e spots ora direcionados para paredes, ora para pisos e ora para o telhado, de modo a valorizar a espacialidade do ambiente.
Da varanda vê-se o pôr do sol e, consequentemente, também os dormitórios conectados à ela. Da piscina vê-se o horizonte e o pátio é banhado pelo sol da manhã. A partir da área social a visão é panorâmica, voltada para a frente e os fundos da propriedade, e a farta luminosidade natural do ambiente testemunha a passagem do dia.
A colocação, a paginação e a seleção dos tijolos de demolição, reutilizados na obra com cores e tamanhos diversos, colabora com a aparência rústica da arquitetura. O mesmo vale para a pedra madeira que reveste as paredes, tendo-se privilegiado a escolha de peças com nuance amarelada, condizente com aquela predominante nos tijolos.
Imagens: Fran Parente