Escritório francês Lacaton & Vassal é vencedor do Pritzker, o maior prêmio da Arquitetura, em 2021
Criadores de projetos conhecidos pelo uso de componentes industrializados, Anne Lacaton e Jean Philippe Vassal se conheceram na faculdade de arquitetura em Bordeaux, onde se formaram em 1980. A mistura de uma estética fabril, muito pelo uso de materiais de catálogo comprados em qualquer loja de construção francesa, junto à evolução tecnológica, atribui aos projetos da dupla um trabalho discreto, gentil, digno e cuidadoso, celebrado pelo próprio meio arquitetônico. Os projetos da dupla são marcados pelo refinamento simples e pelas soluções modestas.
A dupla, sócios-fundadores do escritório Lacaton & Vassal, que vai intencionalmente na contramão dos ‘starchitects’ e são os terceiros profissionais de nacionalidade francesa a serem reconhecidos pelo Pritzker, é internacionalmente reverenciada pelos projetos de habitação social, de espaços públicos generosos, de instituições de ensino e de planejamento urbano, sempre tomando partido de estruturas pré-existentes, sendo veementemente contra demolições e utilizando materiais banais para erigir construções minimalistas.
“A boa arquitetura é aberta para a vida, aberta para melhorar a liberdade e onde qualquer pessoa possa fazer o que quizer. Isso não deveria ser demonstrativo ou impositivo, mas precisa ser algo familiar, útil e belo, com a habilidade de apoiar, de forma sutil, a vida que ocupará o espaço” – Anne Lacaton
Segundo o Júri sinaliza que Lacaton e Vassal não apenas renovam o legado do modernismo, mas propõem uma definição reajustada da própria profissão da arquitetura; os sonhos e esperanças modernistas de melhorar a vida de muitos ganham fôlego novo por meio de suas obras, que também respondem às emergências climáticas e ecológicas de nosso tempo.
São conhecidos pela premissa de “nunca demolir” e sua noção de sustentabilidade é incorporada pelo equilíbrio de três pilares fundamentais: econômico, ambiental e social. Através de seu escritório com sede em Paris, Lacaton e Vassal concluíram mais de 30 projetos em toda a Europa e na África Ocidental, que vão desde instituições culturais e acadêmicas privadas a espaços públicos, habitação social e desenvolvimentos urbanos.
“Transformar é uma oportunidade de fazer mais e melhor pelo que já existe. Demolir é uma decisão muito fácil e rápida. Isso desperdiça muitas coisas, como energia, material e história. Além do mais, tem um impacto social muito negativo. Para nós, é um ato de violência” – Lacaton & Vassal
Sua grande obra mais recente é o Palais de Tokyo, em Paris, concluída em 2012, depois de um restauro quase uma década anterior. O espaço do museu cresceu 20 mil m², em parte pela criação de áreas subterrâneas, e pela garantia de que cada espaço valoriza a experiência do visitante. Eles aposentaram os cubos brancos tão característicos em galerias e museus de arte contemporânea, e investiram em espaços com uma estética inacabada, que permite que curadores e artistas criem exposições para todos os tipos de arte, com cenários que vão de espaços mais escuros e cavernosos, até áreas transparentes e banhadas pela luz natural.
Hoje, além do escritório, Lacaton é professora de Arquitetura e Design no Instituto Federal Suíço de Tecnologia (ETH Zurich) e professora visitante da Universidade Politécnica de Madri, na Espanha, tendo lecionado no passado em outras instituições de renome, como Harvard, nos EUA, e Delft, na Holanda. Vassal é professor na Universidade de Artes de Berlim, tendo passado pela Universidade Técnica de Berlim e a École Nationale Supérieure d’Architecture de Versailles.
Fontes:
www.gazetadopovo.com.br
www1.folha.uol.com.br
Imagens: Philippe Ruault e Divulgação