O Design deve responder às expectativas humanas, físicas e psicológicas, relativas ao conforto.
Design é planejamento, projeção de soluções na dimensão dos espaços, dos objetos, das relações humanas, a corresponder aos anseios de quem deles faz uso, promovendo qualidade de vida, bem-estar. Assim, Design é conforto.
“Sentir-se confortável é uma das necessidades primárias do ser humano, quando se considera sua relação com os artefatos ou com o ambiente que o envolve. Segundo o dicionário Houaiss (2021), o conforto está relacionado tanto a uma experiência agradável e à sensação de prazer e plenitude quanto à satisfação em relação a uma comodidade física, aconchego e bem-estar material. Ao estabelecer um paralelo entre o Design e o conforto, é possível que se vinculem as questões subjetivas de conforto aos estímulos proporcionados pelos caráteres estético e simbólico dos espaços, dos objetos, dos produtos de vestuário, das comunicações e dos serviços”, escrevem Paula Glória Barbosa, Maria Tereza Paulino Aguilar e Rosemary Sales, em artigo esclarecedor sobre design, arquitetura e engenharia e conforto ambiental, publicado em Pensamentos em Design (UEMG, v.1, n 1, 2011).
De acordo com as articulistas, “as características dos produtos que dependem de certas particularidades do processo de percepção são denominadas características intangíveis (KARANA et al., 2009), qualidades essas que relacionam-se à experiência de uso, ao repertório cultural do usuário, à percepção, interpretação e assimilação de estímulos, à identificação e à apropriação dos produtos1 como parte de uma individualidade, sendo, portanto, consequência do que se percebe, do que se respira, do que se escuta, do que se toca e do que se prova em uma determinada situação de tempo e espaço (RHEINGANTZ, 2001)”. Continuam: “O conforto ambiental, em seu aspecto objetivo, está diretamente atrelado aos atributos tangíveis do projeto, que dizem respeito, especialmente, às características técnico-práticas”.
Promover confortos visa adequar-se elementos envolventes de uma edificação a condicionantes ambientais, respeitados aspectos funcionais, técnicos, mas também estéticos e simbólicos dos ambientes construídos. Assim, o Design é necessariamente direcionado ao conforto ambiental, sendo relevante compreendê-lo subjetiva e objetivamente, avaliado a partir de seus desempenhos acústico, térmico, lumínico, tátil.
Se conforto acústico promove saudabilidade auditiva do usuário, o planejamento, no quesito acústica, deve considerar níveis toleráveis de ruído e reprodução satisfatória do som no ambientes. Já o conforto tátil relaciona-se às características específicas das superfícies (aspereza, suavidade, temperatura, rugosidade, textura etc.), considerando inclusive o escoamento e absorção da água de chuva quando em revestimentos em fachadas, por exemplo. O conforto térmico expressa a satisfação do homem com o ambiente térmico no qual está inserido, é uma sensação de bem-estar ambiental em relação à temperatura, à umidade relativa do ar, à radiação solar ou à radiação emitida por lâmpadas.
Há extensa e variada literatura para a aquisição de conhecimentos vários por parte dos especificadores. Conhecer conceitos objetivos (e também subjetivos) dos sistemas propiciadores de confortos ambientais confere ao especificador da arquitetura e do designer de interiores fundamentação imprescindível de suas escolhas e capacitação de argumentação junto a seus clientes. E também trabalhar com equipes interdisciplinares, o que faz bem pra alma.
Imagens: Nelson Kon, Pedro Mascaro, Gabriela Daltro e Edgar Cesar