Arquiteto Kongjian Yu e cineastas brasileiros morrem em acidente de avião no Pantanal; grupo estava gravando documentário sobre cidades-esponjas, modelo criado pelo arquiteto chinês
O renomado arquiteto chinês Kongjian Yu está entre as quatro vítimas da queda de um avião de pequeno porte ocorrida na noite desta terça-feira (23) no Pantanal sul-mato-grossense. O acidente aconteceu nas proximidades de Aquidauana, segundo informações locais. O Corpo de Bombeiros Militar foi acionado por volta das 20h10 para atender a ocorrência, a operação de busca e resgate durou cerca de 9 horas, devido a distância e as condições de acesso ao local.
Reconhecido internacionalmente por suas propostas inovadoras em planejamento urbano sustentável, Kongjian Yu é o idealizador do conceito de “cidades-esponja”, incorporado como política nacional na China em 2013. A estratégia prevê o uso de infraestrutura verde para criar áreas alagáveis — como lagos e parques — e a aplicação de pavimentos permeáveis, reduzindo a dependência dos sistemas tradicionais de drenagem.
O arquiteto esteve no Brasil no início do mês para participar da Conferência Internacional CAU 2025, realizada entre 4 e 6 de setembro, em Brasília. Durante o evento, ele explicou que o conceito das chamadas “cidades-esponja” tem origem em uma prática milenar, que buscava conviver com os ciclos naturais de cheias e secas anuais.
Desenvolvida inicialmente como resposta às recorrentes inundações no país, a abordagem adapta a arquitetura paisagística para que os espaços urbanos consigam absorver o excesso de água das chuvas e, em seguida, devolvê-lo gradualmente a rios e oceanos. De acordo com o CAU (Conselho de Arquitetura e Urbanismo), a técnica — que utiliza vegetação nativa e solo permeável — reduz a necessidade de concreto para canalizar a água, favorecendo áreas de escoamento natural e ajudando a prevenir inundações em estruturas urbanas.

Yu destacou que metrópoles brasileiras como Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre — esta última gravemente afetada por enchentes em 2024 — poderiam ser adaptadas ao modelo de construção sustentável que ele defende. “Vejo o Brasil como a última esperança para salvar o planeta”, declarou o arquiteto na ocasião.
Além do arquiteto, dois cineastas e o piloto da aeronave morreram no acidente. As vítimas foram identificadas como o também cineasta brasileiro Luiz Fernando Feres da Cunha Ferraz, o documentarista Rubens Crispim Jr. e o piloto Marcelo Pereira de Barros. De acordo com a Olé Produções, onde os cineastas atuavam, o grupo estava no Pantanal para as gravações do documentário intitulado “Planeta Esponja”.
