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Bienal de Arquitetura de Veneza: compromisso socioambiental

Conheça três pavilhões da Bienal de Arquitetura de Veneza 2025 que se destacam por suas soluções focadas em sustentabilidade e em respostas inventivas aos desafios urbanos e ambientais atuais

 

A Bienal de Arquitetura de Veneza 2025 – 19ª Mostra Internacional de Arquitetura, se configura como um dos eventos mais importantes do calendário global de arquitetura, reunindo arquitetos, designers e pensadores de todo o mundo. Desde maio deste ano, a exposição oferece uma plataforma para explorar tendências contemporâneas, inovações sustentáveis e abordagens criativas frente aos desafios urbanos e ambientais. Com pavilhões nacionais, exposições individuais e instalações experimentais nos espaços icônicos de Giardini e Arsenale, a Bienal promove um diálogo global sobre o papel transformador da arquitetura na sociedade, conectando o legado histórico de Veneza à visão futura da profissão.

Abaixo, destacamos três pavilhões que se sobressaem por suas propostas inovadoras, centradas em soluções sustentáveis e em respostas inventivas – e ancestrais – aos desafios urbanos e ambientais atuais; projetos que ilustram como a arquitetura pode assumir um compromisso socioambiental, oferecendo referências valiosas para a construção de cidades mais resilientes e inclusivas.

 

Pavilhão Ucraniano – uma arquitetura vernacular e de emergência

O pavilhão ucraniano na 19ª Exposição Internacional de Arquitetura – Bienal de Veneza investiga a convergência entre técnicas de construção tradicionais e soluções improvisadas em contextos de guerra. Intitulada “DAKH (ДАХ): Hardcore Vernacular”, a mostra explora o conceito de telhado (“dakh” em ucraniano) como abrigo fundamental na arquitetura, analisando tanto a tradição construtiva do país quanto a realidade contemporânea marcada pela vigilância aérea de seu território. Sob a curadoria de Bögdana Kosmina, Michał Murawski e Kateryna Rusetska, a exposição apresenta seis instalações na Sale d’Armi do Arsenale e um programa itinerante chamado Hardcore Planetário.

O elemento central da exposição, DAKH , é uma pré-imagem dinâmica de um telhado vernacular ucraniano, concebido pela arquiteta, artista e curadora Bögdana Kosmina. Sua forma, estrutura, materialidade e espírito emergem do Atlas da Arquitetura Tradicional Ucraniana , um projeto de pesquisa de 50 anos realizado por três gerações de arquitetas: Tamara, Oksana e Bögdana Kosmina. O objetivo do elemento é afirmar que os processos de reconstrução a longo prazo têm muito a aprender com a inteligência enraizada do vernáculo emergencial, e que o processo de reparo deve começar enquanto a devastação e o perigo ainda persistem.

A exposição que compreende seis elementos – dentre registros e documentos audiovisual. Já o programa Hardcore Planetário tem como objetivo construir conexões entre a Ucrânia e coletivos internacionais, explorando as seguintes questões: Como a experiência do vernáculo de emergência difere entre os lugares sujeitos à guerra? Como o “hardcore” do tempo de guerra, as muitas camadas de tecido geológico, social e construído, funcionam como um local de comunalização? Como a coletividade de emergência em condições de guerra pode ser transformada em um assentamento social sustentável, equitativo e justo?

 

the ukrainian pavilion at the venice biennale presents a parallel between vernacular and emergency architecture Easy Resize com

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the ukrainian pavilion at the venice biennale presents a parallel between vernacular and emergency architecture
Exposição ucraniana na 19ª Bienal de Arquitetura de Veneza, 2025. Imagens: Valentyna Rostovikova.

 

Pavilhão Marroquino – a terra como um material de construção sustentável

O Pavilhão Marroquino destaca a arquitetura marroquina de terra e as técnicas tradicionais de construção. A mostra, intitulada Palimpsesto Materiae, foi curada pelos arquitetos Khalil Morad El Ghilali e El Mehdi Belyasmine. Unindo técnicas tradicionais e recursos digitais, a exposição apresenta trabalhos têxteis da arquiteta e artista Soumyia Jalal, acompanhados de hologramas de artesãos e instalações sensoriais. A narrativa enfatiza a terra como recurso renovável e material sustentável, destacando a construção em terra como elemento essencial para preservar o patrimônio arquitetônico e enfrentar desafios ecológicos e sociais contemporâneos. Palimpsesto Materiae convida a repensar a relação da arquitetura com os materiais de construção, promovendo práticas construtivas profundamente conectadas às tradições locais.

A instalação se debruça sobre a rica tradição da arquitetura milenar em terra do país, revelando suas sutis variações regionais e investigando de que maneira práticas ancestrais podem oferecer respostas aos dilemas contemporâneos. No contexto da exposição, a construção em terra é apresentada como um repertório de técnicas que têm na terra crua seu material central, contemplando métodos históricos como taipa, adobe e espiga. Entre os atributos ressaltados estão o reduzido impacto ambiental, a eficiente regulação térmica e a valorização de recursos locais. O conceito dialoga ainda com a arquitetura em terra em sentido amplo, englobando o uso de materiais naturais — lama, argila e solo — como elementos estruturantes e expressivos na construção.

 

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Pavilhão marroquino na 19ª Bienal de Arquitetura de Veneza. Imagens: Samuele Cherubini.

 

Pavilhão Mexicano – o potencial ecológico dos sistemas agrícolas ancestrais

Intitulada “Chinampa Veneta”, a participação mexicana na 19ª Exposição Internacional de Arquitetura – Bienal de Veneza convida à reflexão sobre a maneira como habitamos, cultivamos e projetamos o mundo que compartilhamos. Frente à crise ecológica global, a exposição destaca as chinampas, antigo sistema agrícola mesoamericano com mais de quatro mil anos de história. Esse saber ancestral, que entrelaça paisagem, infraestrutura e técnica, é reinterpretado no contexto da Bienal, criando um ecossistema vivo dentro da cidade de Veneza. O Pavilhão Mexicano se desdobra em duas “encenações”: uma instalada no Arsenale e outra construída sobre a água.

As Chinampas ainda são usadas hoje em Xochimilco, um ecossistema histórico de lagos ao sul da Cidade do México, onde apoiam o cultivo de flores, vegetais e outros alimentos. Erguidas em lagos rasos a partir de blocos retangulares de sedimentos, lama e vegetação, essas estruturas formam padrões geométricos que geram canais e ampliam as margens dos lagos, criando refúgios ecológicos para a biodiversidade. Como um sistema ancestral, cada componente desempenha funções essenciais para a vida: captura de carbono, purificação da água, produção de alimentos e geração de oxigênio. Segundo os curadores da exposição, as chinampas ilustram uma concepção de mundo na qual os seres humanos fazem parte integral dos ciclos naturais, um equilíbrio que, segundo eles, foi interrompido pelo impulso da modernidade de exercer controle sistemático sobre a natureza.

A exposição enfatiza que a saúde do solo está diretamente ligada ao bem-estar da sociedade. A equipe curatorial descreve sua abordagem como “encenações”, incorporando o conceito de processos naturais na exposição por meio de dois projetos que recriam o sistema chinampa. Ambas as partes da exposição também estabelecem fortes conexões com o contexto veneziano, adicionando uma interpretação contemporânea ao sistema tradicional.

A primeira encenação está localizada dentro do Arsenale e mostra chinampas em vários estágios de desenvolvimento, começando com a regeneração de uma chinampa a partir de um chapin, um pequeno cubo de lama rica em nutrientes que contém uma semente. A segunda encenação flutua na Lagoa de Veneza, evocando o Teatro del Mondo de Aldo Rossi, que concebeu o teatro como um fulcro entre a arquitetura e a imaginação. Aqui, o teatro se torna o Chinampa del Mondo, de frente para o ambiente construído da cidade.

 

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Pavilhão mexicano na 19ª Bienal de Arquitetura de Veneza, 2025. Imagens: Ricardo de la Concha.

 

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Chinampa Veneta, 2025, Colagem sobre uma imagem do Teatro del Mondo de Aldo Rossi. Imagem: Divulgação. Chinampa Veneta.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte Bienal de Arquitetura de Veneza 2025/Archdaily

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